AS FOTOGRAFIAS PUBLICADAS NESTE BLOGUE, TIVEREM A SUA ORIGEM NUMA EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIAS E ESTIVEREM PATENTES NOS SEGUINTES ESPAÇOS:
Museu da Indústria Baleeira - Pico - Setembro 2002
Museu dos Baleeiros - Lajes do Pico - Outubro 2002
Livraria Sol-Mar - Ponta Delgada - Setembro 2003
Escola Profissional das Capelas - Março a Abril 2005

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Baleia à vista...Baleia à vista...

Os foguetes rebentam: está dado o sinal.

No varadouro, a agitação é enorme: os botes descem ao mar.

E, os baleeiros açorianos corajosos lançam-se a desafiar o monstruoso cetáceo num combate desigual e incerto...

Depois, os vitoriosos regressam e então, volta a respirar-se de alívio.

Por mais uma vez, o monstro sucumbiu!

Por mais uma vez, a necessidade obrigou!

Por mais uma vez, há sustento para repartir e trabalho digno para mais umas jornadas!
O património baleeiro açoriano é um legado que a todos diz respeito.

A actividade da caça à baleia nos Açores envolveu muitos e muitos açorianos que, por necessidade absoluta de sobrevivência, correndo riscos de vida, a ela se entregaram com ardor, durante muitos e muitos anos.

Há em muitas das nossas ilhas referências e vestígios da baleação açoriana: da sua época de fortuna e dos seus tempos de abandono!

É uma herança que deve orgulhar todos os açorianos, pela gente laboriosa e destemida que segurou nos arpões e que por isso, nos obriga a preservar e a manter.

São valores históricos e culturais que fazem parte da nossa memória colectiva!
Nos Poços, em São Vicente Ferreira, está agonizante, ferida de morte, a antiga “Fábrica da Baleia” que foi propriedade de uma das primeiras Companhias Baleeiras dos Açores.

Por desleixo de uns, por incúria de outros e por desinteresse das entidades oficiais, já só resta quase nada do património baleeiro micaelense. Todos os dias que passam ele se vai perdendo, perante a indiferença de tantos!

Com esta vergonha - sim, porque de uma grande vergonha regional se trata! - se reduz a valentia e a audácia dos nossos baleeiros.

Com esta vergonha se limpam, para as gerações vindouras, muitas razões que suportam a teimosia de se continuar a viver nestas ilhas.

Com esta vergonha se mostra aos visitantes, nacionais ou estrangeiros, como é que, os Açores de hoje, se empenham na salvaguarda do seu património.

Com esta vergonha se responde ao grito pujante de “Baleia à vista...” de outrora, com a triste realidade de uma “Sucata à vista” de todos...

José Manuel Baião